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quinta-feira, 23 de setembro de 2021

SOPA DA PEDRA, UM PRATO LENDÁRIO, TÍPICO DE ALMEIRIM

 



Todos conhecemos a Sopa da Pedra, pelo menos de nome. No entanto, talvez nem todos os portugueses a tenham saboreado. Se é o seu caso, do que está à espera para provar a mais tradicional das sopas portuguesas? Uma sopa com origem lendária, cheia de ingredientes que a enriquecem… entre eles uma pedra, claro.



Ingredientes:


– 2,5 l de água
– 1 kg de feijão catarino
– 1 Chispe de porco
– 1 chouriço de carne
– 1 chouriço de sangue (morcela)

– 1 Farinheira
– 200 g de toucinho
– 2 cebolas
– 2 dentes de alho
– 700g de batatas
– 1 molho de coentros
– Sal, louro e pimenta a gosto

Preparação:

Ponha o feijão a demolhar de um dia para o outro. De véspera, tempere as carnes. No próprio dia, leve o feijão a cozer em água, juntamente com as carnes, os enchidos, o toucinho, as cebolas, os dentes de alho e o louro. Tempere de sal e pimenta. Junte mais água, se for necessário. Quando as carnes e os enchidos estiverem cozidos, tire-os do lume e corte-os em bocados. Junte, então, à panela as batatas, cortadas em cubinhos e os coentros bem picados.
Deixe ferver lentamente até a batata estar cozida. Tire a panela do lume e introduza as carnes previamente cortadas. No fundo da terrina onde vai servir a sopa coloque uma pedra bem lavada.



Uma lenda cuja origem se perde no tempo


Consta que terá sido um frade, munido de esperteza e determinação, o criador da Sopa da Pedra. Andaria ele em peditório de casa em casa, tentando suprir as suas necessidades mais básicas, quando chegou à porta de um lavrador que lhe recusou um contributo.

Com fome, ardiloso e inconformado com a recusa, o frade encontrou um estratagema para levar a sua avante: agarrou numa pedra, limpou-lhe o pó e, perante a recusa, comentou em voz alta que, nesse caso, ia fazer um caldinho de pedra.

Os donos da casa riram-se de tal ideia, mas o frade não desarmou. Lavou a pedra e pediu-lhes apenas um pucarinho para a colocar, e já iam ver como era boa a sua sopa de pedra.

Expectantes sobre o que ia sair dali, o pucarinho lá apareceu, e o frade começou a confecionar a sua sopa. Ao longo do processo, o descrédito sobre tão inusitada receita mantinha-se, mas o religioso ia mostrando que era possível. Sucessivamente, ia pedindo o que lhe faltava para completar a sua receita, desde a água às batatas e aos enchidos de porco. Aos poucos, a sopa da pedra ia ganhando forma e sabor.

Pedido após pedido, ingrediente após ingrediente, o que é facto é que o desafio lançado pelo frade acabou por levar a família do lavrador a fornecer tudo o que era necessário. No final, surgiu uma rica sopa, com todos os ingredientes que inicialmente haviam sido recusados. Perante o espanto dos donos da casa, a prometida Sopa da Pedra estava feita, o frade comeu-a e até lambeu os beiços.

No fundo da panela ficara apenas a pedra. O lavrador, impressionado, perguntou então o que lhe faria. O frade, astuto, respondeu que levaria a pedra consigo, e a guardaria para fazer uma nova sopa.